domingo, 19 de janeiro de 2014

Alienação

Alienação é o termo dado ao ser que tem uma pertubação mental, ela é mais precisamente a incapacidade de pensa e agir por si mesmo.

 Pessoas alienadas tem a seguintes características: 

-Não se interessam em ouvir conselhos. nem opiniões;
-Interessasse apenas por seus interesses;
-Convivem apenas com pessoas que compartilham os mesmos pensamentos;
-É uma pessoa sem razão alguma.

ALIENAÇÃO FILOSÓFICA:  segundo a filosofia alienação seria o processo de tornar-se, (transformar-se), um estranho para si mesmo.

ALIENAÇÃO SOCIAL: é associada ao estado mental do individuo, neste caso ele não sabe o que é sociedade ou politica, aceita qualquer coisa que lhe é imposta ou dita como certa, sem questionar, (qualquer semelhança com alguns brasileiros é mera "coincidência")




Durante toda a história os artistas tem se manifestado contra as praticas que analisam, questionam, e ficam contras ou a favor por exemplo, a musica Cálice de Chico Buarque. 

Cálice
  
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça

Interpretação: 

(Pai, afasta de mim esse cálice)
Sintetiza uma súplica por algo que se deseja ver à distância. Boa parte da música faz uma analogia entre a Paixão de Cristo e o sofrimento vivido pela população aterrorizada com o regime autoritário. O refrão faz uma alusão à agonia de Jesus no calvário, mas a ambigüidade da palavra “cálice” em relação ao imperativo “cale-se”, remete à atuação da censura.

(De vinho tinto de sangue)
O “cálice” é um objeto que contém algo em seu interior. Na Bíblia esse conteúdo é o sangue de Cristo, na música é o sangue derramado pelas vítimas da repressão e torturas.

(Como beber dessa bebida amarga)
A metáfora do verso remete à dificuldade de aceitar um quadro social em que as pessoas eram subjugadas de forma desumana.

(Tragar a dor, engolir a labuta)
Significa a imposição de ter que agüentar a dor e aceitá-la como algo banal e corriqueiro. “Engolir a labuta” significa ter que aceitar uma condição de trabalho subumana de forma natural e passiva.

(Mesmo calada a boca, resta o peito)
Os poetas afirmam que mesmo a pessoa tendo a sua liberdade de pronunciar-se cerceada, ainda lhe resta o seu desejo, escondido e inviolável dentro do seu peito.

(Silêncio na cidade não se escuta)
O silêncio está metaforicamente relacionado à censura, que, desta forma, é entendida como uma quimera, um absurdo inexistente, porque, na medida em que o silêncio não se escuta, o silêncio não existe.

(De que me vale ser filho da santa / Melhor seria ser filho da outra)
Não fugindo à temática da religião, Chico e Gil usam de metáforas para mostrar suas descrenças naquele regime político e rebaixam a figura da “pátria mãe” à condição inferior a de uma “prostituta”, termo que fica subentendido na palavra “outra”.

(Outra realidade menos morta)
Seria uma outra realidade, na qual os homens não tivessem sua individualidade e seus direitos anulados.

(Tanta mentira, tanta força bruta)
O regime militar propagandeava que o país vivia um “milagre econômico” e todos eram obrigados a aceitar essa realidade como uma verdade absoluta.

(Como é difícil acordar calado / se na calada da noite eu me dano)
O eu-lírico admite a dificuldade de aceitar passivamente as imposições do regime, principalmente diante das torturas e pressões que eram realizadas à noite. Tudo era tão reprimido que necessitava ser feito às escondidas, de forma clandestina.

(Quero lançar um grito desumano / que é uma maneira de ser escutado)
Talvez porque ninguém escutasse as mensagens lançadas por vias pacíficas e ordeiras, uma das possibilidades, por conta de tanto desespero, seria partir para o confronto.

(Esse silêncio todo me atordoa)
Esse verso denuncia os métodos de torturas e repressão, utilizados para conseguir o silêncio das vítimas, fazendo-as perderem os sentidos.

(Atordoado, eu permaneço atento)
Mesmo atordoado o eu-lírico permanece atento, em estado de alerta para o fim dessa conjuntura, como se estivesse esperando um espetáculo que estaria por vir.

(Na arquibancada, pra a qualquer momento ver emergir o monstro da lagoa)
Entretanto, o espetáculo pode ser, ironicamente, somente o surgimento de mais um mecanismo de imposição de poder do regime, representado pelo monstro da lagoa.

(De muito gorda a porca já não anda)
Essa “porca” refere-se ao sistema ditatorial, que, de tão corrupto e ineficiente, já não funcionava. O porco também é um símbolo da gula, que está entre os sete pecados capitais, retomando a temática de religiosidade e elementos católicos.

(De muito usada a faca já não corta)
Demonstra inoperância, ou seja, mostra o desgaste de uma ferramenta política utilizada à exaustão.

(Como é difícil, pai, abrir a porta)
É expresso o apelo para que sejam diminuídas as dificuldades, mas ao mesmo tempo apresenta a tarefa como sendo muito difícil. A porta representa a saída de um contexto violento. Biblicamente, sinaliza um novo tempo.

(Essa palavra presa na garganta)
É a dificuldade para encontrar a liberdade, a livre expressão. É o desejo de falar, contar e descrever a todos a repressão que está sendo imposta.

(Esse pileque homérico no mundo)
Refere-se ao desejo de liberdade contido no peito de cada cidadão dos países vivendo sob os vários regimes autoritários existentes no mundo.

(De que adianta ter boa vontade)
É um autoquestionamento sobre a ânsia de lutar pela liberdade, uma vez que o mundo estava ao avesso. Refere-se a uma frase bíblica: “paz na terra aos homens de boa vontade”.

(Mesmo calado o peito resta a cuca dos bêbados do centro da cidade)
Mesmo sem liberdade o homem não perde a mente e pode continuar pensando.

(Talvez o mundo não seja pequeno nem seja a vida um fato consumado)
A partir deste verso o eu-lírico sugere a possibilidade de a realidade vir a ser diferente, renovando suas esperanças.

(Quero inventar o meu próprio pecado)
Expressa a vontade de libertar-se da imposição do erro por outros para recriar suas próprias regras e definir por si só, quais são seus erros, sem que outros o apontem. Tem o significado de estar fora da lei. O verbo aproxima-se do desejo urgente e real de liberdade.

(Quero morrer do meu próprio veneno)
Neste verso está implícito que ele deseja ser punido pelos erros que ele vier a praticar seguindo o seu livre-arbítrio, e não, tendo seu desejo cerceado, punido por erros que o sistema acha que ele poderá vir a cometer.

(Quero perder de vez tua cabeça / minha cabeça perder teu juízo)
Traz a idéia de que o eu-lírico deseja ter seu próprio juízo e não o do poder repressor. Quer decapitar a cabeça da ditadura e libertar-se do juízo imposto por ela, para ser dono de suas próprias idéias.

(Quero cheirar fumaça de óleo diesel / me embriagar até que alguém me esqueça)
Para encerrar, Chico e Gil usaram uma imagem forte das táticas de tortura. Para fazer com que os subjugados perdessem a noção da realidade, dentro da sala os repressores queimavam óleo diesel, cuja fumaça deixava-os embriagados. Entretanto, os subjugados também possuíam táticas antitortura, e uma das artimanhas era justamente fingir-se desmaiado, pois, enquanto nesta condição, não eram molestados pelos torturadores.)

Um pouco mais recente a musica da cantora Pitty, "ADMIRÁVEL CHIP NOVO"

ADMIRÁVEL CHIP NOVO


Interpretação:

A música “Admirável Chip Novo”, de autoria da cantora Pitty promove uma crítica a sociedade e as formas de governo em virtude das “obrigações” impostas à população, que muitas vezes se vê forçada a realizá-las, e que devido a isso, perde a sua individualidade. A música levanta questionamentos, como por exemplo: “Nós realmente temos direito de escolha? O voto é um direito, ou seria um dever? Nossa opinião é levada em consideração?”. Com suas críticas às formas de controle da sociedade, através de determinações sociais, governamentais e/ou ideológicas, a música apresenta intertextualidade, a começar pelo título, com o livro de Aldous Huxley, “Admirável Mundo Novo”, publicado em 1932.
Aldous, em sua obra, retrata um universo futurista controlado por um “Estado Global”. Nesse universo fictício não há espaço para questionamentos, incertezas ou depressão, uma vez que toda a população faz uso de uma espécie de droga denominada “soma” que os impedem de serem autônomos e terem características humanas como dúvida ou insegurança. Essa sociedade busca a felicidade completa de toda população, população essa que, segundo as ideologias, deve ser perfeita. Nesse mundo, a sociedade divide-se em castas, cada qual com sua função social, o que acaba por gerar discriminação entre castas diferentes. Ainda no universo ficcional de Huxley, existe uma série de regras que proíbem a população de ter filhos, amarem alguém, ou aderir a alguma religião.
Na música de Pitty, a cantora, personificada na figura de um robô faz uma crítica à sociedade atual. Tanto a música quanto o livro, falam sobre a manipulação humana, bem como o egocentrismo que a cada dia que passa torna-se mais presente nos meios sociais. O cantor, Zé Ramalho, anos antes, também utilizou do recurso da intertextualidade ao compor a música “Admirável Gado Novo”, só que dessa vez para tratar da questão agrária no Brasil.
 “Sim, senhor. Não, senhor.” O “robô” da música de Pitty repete essas expressões demonstrando ser um ser manipulado, dominado, sem direito à opinião, pré-programado somente para obedecer. E repete expressões como: “use, seja, ouça, diga”, e muitas outras convenções sociais que persistem em dizer o que indivíduo deve, ou não, fazer. No livro de Aldous, a sociedade é composta de pessoas que, também pré-programadas, devem cumprir papéis específicos referentes à sua casta e conseqüentemente gostar dessa sua função, independente de qual seja, sem questionar o motivo ou desejar ocupar um cargo social diferente.
“Admirável Mundo Novo” ultrapassou as gerações e, pelo que podemos observar, muito do que foi descrito e tratado por muitos como mero utensílio ficcional, hoje se insere na nossa realidade, é o caso dos relacionamentos amorosos de curto prazo, da constante evolução do campo das tecnologias digitais e especialmente o desenvolvimento do campo da genética e clonagem humana, que até então, eram apenas elementos fictícios. Muito do que foi descrito por Aldous, no ano de 1932, se faz presente no século atual.
No romance, o personagem Bernard Marx, sente-se diferente dos demais membros de sua casta, questiona consigo mesmo qual a finalidade de viver em uma sociedade tão global, que apesar de tantos avanços, não assegura à civilização a liberdade e autonomia, uma vez que a população mais parece com robôs do que com humanos. No decorrer do livro, percebe-se que muitos personagens acabam por quebrar as regras impostas por essa sociedade. Bernard não consegue resistir às dúvidas e busca soluções para seus questionamentos, a personagem Lenina acaba por amar alguém no decorrer da história, e até mesmo o personagem que ocupa o cargo de Diretor do Centro de Condicionamento e Incubação descumpre as regras do sistema, entre outros personagens.
Na música de Pitty, o “robô” na qual a cantora se personifica, acredita ser um humano, mas, logo chega à conclusão de que todos estão predispostos a simplesmente obedecer, e que embora creiamos que estamos libertos dessas imposições, novas imposições se repetiram mais tarde, como por exemplo, na passagem: “(...) Eu sempre achei que era vivo, parafuso e fluido em lugar de articulação, até achava que aqui batia um coração. Nada é orgânico, é tudo programado, e eu achando que tinha me libertado, mas lá vêm eles novamente, eu sei o que vão fazer: reinstalar o sistema (...)”, que significa dizer que quando a sociedade acredita estar livre de algum preceito, o sistema acaba por substituir essa imposição por outra, ou seja, “reinstalar o sistema”, formando um ciclo.
A relação entre “Admirável Chip Novo” e “Admirável Mundo Novo” está muito além do título dessas obras, ela também se faz presente na temática abordada, ou seja, nas críticas a sociedade que se deixa manipular, que não exerce a sua autonomia e individualidade e no que resulta esse jogo de regras e convenções que julgam e qualificam o ser humano.

TEMOS FORMAS E MEIOS PARA PENSAR E RECEBER INFORMAÇÕES, ENTÃO POR QUE NÃO UTILIZAMOS? SERÁ ASSIM TÃO DIFÍCIL SAIR DAS REDES SOCIAIS E PESQUISAR? QUANDO PARAREMOS DE FAZER O QUE NOS MANDAM, SEM NEM AO MENOS NOS QUESTIONAR?

ACORDA BRASIL!!!!!!!!!!!


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